Estou cansada de fazer comunicados e no minuto a seguir ter de os desdizer e fazer outro... e ter depois de o desdizer, também. Estou cansada de marcar cenas e no minuto a seguir ter de as desmarcar. Estou cansada de tantas rasteiras. Estou cansada de pedir desculpas por coisas de que não tenho culpa nenhuma e que, ainda assim, impõem um pedido de desculpas. Estou cansada de (
Na verdade ninguém está tão bem quanto imagina. Ainda que imagine que não está lá muito bem.
Passei a dar um novo sentido ao que já existia: uma música, um poema, uma palavra. Tudo de repente parece ter sido criado à medida destes dias novos. Qual criador visionário. É nestas alturas - e sem saber se são de tristeza, de melancolia, de saudade, ou até de alegria - que as minhas lágrimas se desprendem e se dá a minha purga. Até aqui tinha hora e local marcados para esta purga, que me começa a parecer fulcral: 8h45m, vinte minutos de viagem de carro, de casa para o trabalho, dia sim/ dia não. Também esta rotina acabou. Por agora. Pelos próximos dias.
Pelo meio destas palavras a notícia de uma família que passa pelas agruras deste vírus que nos virou a vida do avesso. Felizmente estão relativamente bem e em casa.
Agora mesmo um e-mail traz a notícia de mais um positivo entre os colegas de trabalho. Felizmente todos relativamente bem.
Pelo meio do meu dia, palavras sofridas de gratidão por pagamentos que continuam a ser feitos sem se usufruir plenamente dos serviços. Como me disseram, "é nestas alturas que se revela o melhor e o pior das pessoas". Já usei esta expressão antes. Acredito nela piamente. Rendas que não se conseguem pagar. Negócios feitos de sonhos que talvez não consigam resistir.
Estou cansada.
A seguir a estas palavras, talvez um sentimento novo. Recuperado, a custo, por esta nova forma de purga.
Há-de ficar tudo bem. Não tão bem como desejaríamos. Não tão depressa quanto desejaríamos.
Continuo a acreditar muito e a sonhar. E a voltar, sempre que posso, para o meu "país das maravilhas".