No teu poema. Redescobri este poema do José Luís Tinoco, quando estava grávida do João e interpretei cada verso à luz de uma nova vida. A dimensão que ele ganhou, arrebatou-me, até hoje.
Procurei, na altura, as diferentes versões musicadas. Abordagens diferentes que apreciei de uma forma geral, mas ouvir, ouvir, vezes sem conta e completamente comovida, ouvia a versão do Carlos do Carmo. Do Senhor Carlos do Carmo. A voz certa, a profundidade certa para aquelas palavras e enquanto o João crescia dentro de mim, eu sentia-o um verso em branco à espera de futuro.
Quando começamos a preparar o quartinho que iria acolher o João, nada fazia mais sentido do que levar este poema lá para dentro, e decidimos escreve-lo mesmo por cima da cabeceira da cama dele. Ficou perfeito.
O encantamento por estas palavras, fez ainda mais sentido quando, uma noite em que me preparava para as histórias da praxe, o João me disse: "mamã, eu hoje quero um poema". Rapidamente processei este pedido, tentando lembrar-me que poemas é que ele conhecia (conhecia alguns, é certo)...
.. tentei um, tentei outro. Nada! Até que ele aponta para a parede por cima da caminha dele e me diz: "quero aquele mamã".
Ouviu-o vezes sem conta dentro da barriguinha. Ouviu-o vezes sem conta nos primeiros meses de vida, nos primeiros anos de vida. E pouco antes de completar 3 anos, se não me falha a memória, deu-me este presente.
